sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História de Garanhuns

Antecedentes Históricos:
Para entender os primórdios da história de Garanhuns é importante relembrar o tema das Capitanias Hereditárias instituídas no Brasil em 1536.


As Capitanias foram uma forma que o Rei de Portugal encontrou de administrar o território que era imenso, delegando a tarefa da colonização e da exploração das terras do Brasil a particulares. Doando lotes de terras a estas pessoas.
Mapa de Luís Teixeira (c. 1574)

O território Brasileiro foi  repartido  entre 12 donatários os quais eram elementos da pequena nobreza de Portugal ou altos funcionários da corte, ou pessoas de confiança do Rei.

Um dos donatários foi Duarte Coelho Pereira,  um fidalgo militar que tinha prestado  importantes serviços ao governo de Portugal. Pelos seus serviços ele recebeu,  em 1534, a Capitania de Pernambuco, que abrangia, na época,  o atual Estado de Pernambuco e o de Alagoas.

A partir da instituição das capitanias foi inserido o sistema de sesmarias em 1536.  As sesmarias eram terrenos incultos e abandonados, entregues pela monarquia portuguesa,  às pessoas que se comprometiam a colonizá-los.


A Sesmaria dos Aranhas:

A capitania de Pernambuco foi repartida em várias sesmarias. A atual cidade de Garanhuns pertencia ao território da Sesmaria dos Aranhas, que assim se chamou por ter sido doada em 29.12.1658,  à pessoas da família Aranha: Nicolau Aranha Pacheco, Antonio Fernandes de Aranha e Ambrósio Aranha de Farias.

O mestre de Campo Nicolau Aranha Pacheco foi uma importante figura nas guerras de restauração do território pernambucano que estava sob o domínio holandês.

A Sesmaria dos Aranhas abrangia a área onde hoje estão situados os municípios de Águas Belas, Buique,(região do Rio Ipanema e do Rio Moxotó) e  Garanhuns, etc. Uma região de terras férteis e rios perenes.
Nesta Sesmaria foram fundadas fazendas e sítios: Fazenda da Lagoa (Buíque) e a   Fazenda do Garcia e os sítios Flamengo e Buraco (Garanhuns).

A Fazenda do Garcia foi assim denominada  por ter sido fundada por Antonio Garcia que era o foreiro dos Aranha Pacheco no Campo dos Garanhuns.

O nome Garanhuns origina-se, provavelmente, dos primitivos habitantes desta região, uma tribo indígena do grupo linguístico Cariri , chamada garanhus, descoberta por Gabriel de Brito Cação, que recebeu como prêmio pela descoberta, a propriedade denominada Sítio do Buraco.

Este período, coincide com a fuga dos negros dos engenhos de açúcar e formação de  quilombos e mocambos em várias regiões da capitania. 

Os  quilombolas costumavam pegar alimentos às escondidas das plantações e dos engenhos existentes em regiões próximas. Isto incomodava muito os habitantes.

Na região da atual Garanhuns formou-se o Quilombo do Magano, uma extensão do Quilombo dos Palmares de Alagoas que foi destruído por tropas do Bandeirante Domingos Jorge Velho.


Durante a  fuga dos escravos e a posterior  perseguição a Fazenda do Garcia foi tão depredada que passou a ser chamada de Tapera do Garcia.

Simoa Gomes:

A Tapera do Garcia foi adquirida, em 1705, por Manoel Ferreira de Azevedo que tinha por esposa Simoa Gomes de Azevedo. Em 1712, ele adquiriu também, o Sítio Flamengo.

Em 1756, Simoa Gomes já viúva , através de Escritura Pública doou uma parte de terra da Fazenda do Garcia à Confraria das Almas da Igreja Matriz da Freguesia de Santo Antonio do Ararobá, a atual igreja Matriz de Garanhuns.
A igreja foi erguida sob a égide de Santo Antonio, possivelmente em homenagem  ao fundador da Fazenda, Antonio Garcia.

Busto de Simoa Gomes -Av. Rui Barbosa-Garanhuns
As Confrarias eram grupos de pessoas que se associavam para promover a devoção e o culto a um santo. Às vezes erigiam um altar em algum lugar, e às vezes já havia uma capela dedicada ao santo e a função da Confraria era cuidar e zelar pela capela.

Além disso, os membros da Confraria se ajudavam mutuamente, promoviam sepultamentos, oravam pelas almas dos falecidos, cuidavam das viúvas e dos órfãos etc.

Havia, também, pessoas que designavam a sua própria alma como herdeira de seus bens. Assim, doavam seus bens à Confraria, e, depois de sua morte, a Confraria administrava aqueles bens e orava pela alma da pessoa que doou. Desta forma, o doador, garantia a realização de missas pela sua alma, para que ela se salvasse no juízo final.

Mas, ao que parece, depois da morte de Simoa Gomes, os membros da Confraria esqueceram o combinado. O deputado Austerlino Correa de Castro contou ao seu neto, o vereador Fausto Souto Maior  e este mandou escrever, o seguinte fato:  "Em 1855, o Juiz de Direito Dr. José Bandeira de Melo, verificando o estado de abandono do patrimonio doado por Simoa Gomes, instaurou um processo que determinou o sequestro e a incorporação dos bens ao Patrimônio Nacional, a sentença saiu em 26 de Julho de 1855".

Segundo o historiador Alfredo Vieira Leite, a esta altura já havia um povoado com 156 prédios  na propriedade da Confraria, que desde 1813 já se chamava Vila de Santo Antonio de Garanhuns.

Em 1872, o  Juiz de Direito, Antônio Manoel de Medeiros Furtado, regularizou a cobrança do foro e os pagamentos das missas para as almas, supondo-se que tenha sido anulada a sentença do sequestro do patrimônio da Confraria das Almas, mas tudo indica que em nada resultou por que não existem documentos que comprovem essa anulação.
Assim nasceu Garanhuns no seio da propriedade doada por Simoa Gomes à Confraria das Almas.


A CAPITANIA DO ARAROBÁ:

Chamava-se Ararobá à região montanhosa que compreendia as Serra do Cachorro, Serra do Ararobá, Serra do Gavião e Serra do Jacarará. Abrangia,  mais ou menos, os atuais municípios de Pesqueira, Arcoverde, Brejo da Madre de Deus e Poção.


O nome Ararobá vem de urubá, corruptela de uru-ibá (gênero de aves galináceas que existiam na região), foi dado pelos índios,  primitivos habitantes da serra do Ororubá localizada no município de Pesqueira.

Terras da Congregação do Oratório de São Felipe Néri, em 1813. Mapa de José da Costa Pinto
Imagem numa resolução maior: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ororub%C3%A1_oratorianos_Cart515170.jpg
Esta região, desde 1654, pertencentia a João Fernandes Vieira, um dos líderes da Insurreição Pernambucana e figura importante da restauração pernambucana contra o domínio holandês.

Joaõ Fernandes Vieira vendeu uma parte desta propriedade a Manoel da Fonseca Rego. A outra parte, doou aos padres da Congregação do Oratório de São Felipe Neri. Passado um tempo, os padres compraram a parte pertencente a Manoel da Fonseca Rego.

No Planalto da Serra do Ararobá , os padres instalaram a Missão do Ararobá destinada a dar assistência aos índios xucurus, e também, com o objetivo de desbravar e cultivar a terra. Tudo sobre a proteção de Nossa Senhora das Montanhas, em homenagem a quem erigiram uma capela. Em volta da Capela se formou um povoado que foi chamado de Monte Alegre.

Em algum momento impreciso da história foi criada a  Capitania do Ararobá. Há um documento de 1691, a Carta de Sesmaria do tte Manoel da Fonseca Rego e Companheiros, que faz referência ao co-sesmeiro Matias Sicio como sendo o capitão-mor do Ararobá.

Se existia um capitão-mor, por certo, naquela época Ararobá já era uma Capitania. O capitão-mor, além de funções militares, era responsáveil por representar o governo e chefiar a administração pública na capitania.

Não se sabe ao certo onde era a sede da Capitania. O historiador Alfredo Vieira Leite analisou alguns documentos e deduziu  que a capitania teria sido criada somente a partir de 1700 e que a sede da capitania era na atual  Garanhuns.

Outro importante historiador, Nelson Barbalho,  deduziu que a criação da Capitania do Ararobá antecede o ano de 1691 e que a sede era mesmo o Povoado de Monte Alegre, atual Cimbres no município de Pesqueira por que nesta época, lá já havia habitantes, casas, igrejas e um capitão-mor. Ao passo que Garanhuns era a Fazenda do Garcia, não havia povoados,  e estava às voltas com os problemas relacionados a fuga de escravos, formação de quilombos e perseguição de quilombolas etc.

Talvez por conveniência do então Capitão-mor, a   sede da Capitania do Ararobá tenha se transferido para Garanhuns.Mas, este fato,  provavelmente, só aconteceu após a destruição do Quilombo dos Palmares que tinha extensão até ao Morro do Magano, em Garanhuns. Zumbi, o líder dos Palmares foi emboscado e morto em 1695, porém o quilombo se desfez completamente, apenas em 1710.

É possível que  somente após este período, a sede da Capitania do Ararobá tenha se transferido para Garanhuns. E, por este motivo, várias autoridades tenham sido removidas para a região: Um Capitão- mor que era o Comandante Superior, um Juiz Ordinário, um Tabelião, dois meirinhos(funcionários judiciais); um Vigário e uma força de milicianos. Ao todo foram construídas cerca de 15 casas para as residências destas pessoas, sendo que uma das casas construídas servia de cadeia. Tudo leva a crer que o ponto escolhido para a contrução das casas foi o local onde hojé é a Praça Irmãos Miranda.

Construiu-se , também, a Igreja Matriz de Santo Antonio, mais ou menos, no local onde hoje é o Banco do Brasil, na Avenida Santo Antonio. Nesta mesma, avenida, resevou-se um local para o cemitério.

Neste período, a maioria das pessoas moravam nas fazendas ou sítios. No povoado, moravam apenas ferreiros, carpinteiros, arreeiros e pequenos comerciantes. Muitos fazendeiros construíram casas no povoado a fim de nelas passarem as festas religiosas ou estagiarem.

A jurisdição deste Julgado do Ararobá se ampliou muito, incluia os atuais municípios de Garanhuns, Arcoverde, Pesqueira, Poção, Sanharó, Inajá, Buique, Pedra, Alagoinha, Custódia, Bonito, Altinho, Panelas, Lagoa dos Gatos, Maraial, Cupira, Agrestina, Catende, São Bento, Lagedo, Canhotinho, Angelim, Bom Conselho e outros mais.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Origens das famílias de Pernambuco: Os sesmeiros

Os primeiros sesmeiros da Capitania de Pernambuco receberam suas datas de terras a partir de 1535. As famílias beneficiadas são quase todas ligadas à parentela do Donatário, ou articuladas com capitais estrangeiros que aplicaram nos engenhos.

As primeiras sesmarias foram distribuídas a fidalgos e gente de elevada hierarquia que chegavam de Portugal e de outras nações européias trazendo suas famílias e haveres próprios. Estes capitais lhes proporcionavam a possibilidade de casamentos junto à parentela do donatário, a recepção de sesmarias e a fundação de engenhos de açúcar.

Por concessão donatarial receberam todos, a título de sesmaria, terras necessárias ao empreendimento proposto, de propriedade perpétua, livres de pagamento de foro ou pensão. Agregavam-se a estes benefícios vários favores régios. Esta política de distribuição de terras fazia-se para os cultivadores do açúcar, exploradores do pau-brasil, desde o século XVI e para a criação do gado no Sertão, a partir do século XVIII.


O primeiro donatário da Capitania de Pernambuco  foi Duarte Coelho Pereira casado com Dona Brites de Albuquerque. Seu filho primogênito Duarte Coelho de Albuquerque foi o segundo donatário da Capitania.



Algumas famílias que receberam sesmarias:

Tristão de Mendonça, proprietário das terras do engenho Tabatinga. Abandonou a propriedade  no momento em que os holandeses ocuparam a região ao sul do Recife.  Depois, as terras foram vendidas a   João Batista Aciolli de Moura, fidalgo,cavaleiro da Casa Real. Suas terras pertencem hoje ao Complexo Industrial Portuário de Suape.
 
Filipe Bandeira de Melo e sua mulher Maria Maciel Andrada.
Pedro Bandeira de Melo;

João Gomes de Melo casado com D. Ana de Holanda. Deste casamento surge a família Melo da Casa de Trapiche do Cabo de Santo Agostinho;

Arnau de Holanda, natural de Utrecht, sobrinho do papa Adriano VI, casou-se com D. Brites Mendes de Vasconcelos, natural de Lisboa, filha de Bartolomeu Rodrigues, camareiro-mor do Infante D. Luís, filho do Rei D. João III. Desse matrimônio, origina-se a família Holanda, entrelaçada com a família Cavalcanti de Albuquerque;

Antonio Bezerra Felipa, nobre, provavelmente de origem italiana, fez alianças com famílias consideradas distintas, na Capitania;

Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho, casado com Filipa de Melo, com quem teve vários filhos. Deste casamento surge a família Albuquerque Melo e Cavalcanti de Albuquerque. De suas uniões extraconjugais surgiu a família Albuquerque Maranhão. Jerônimo teve filhos legítimos, legitimados e ilegítimos;

Sibaldo Lins e Cristóvão Lins, fidalgos alemães, chegaram ao final do século XVI. Sibaldo Lins casou-se com D. Brites de Albuquerque, viúva do Donatário e Cristóvão Lins com D. Adriana Holanda, filha de Arnau de Holanda;

Dom Felipe de Moura chegou a Pernambuco em 1556, sobrinho de D. Brites de Albuquerque, que em nome do seu filho, o segundo donatário, governava a Capitania, Dom Felipe de Moura casou-se duas vezes: a primeira com uma mulher da família Albuquerque e a segunda com uma mulher da família Cavalcanti;

João Paes Barreto, natural de Viana, Portugal, pertencia à nobre estirpe dos Morgados de Bilheiras, chegou a Pernambuco em 1557, casou-se com D. Inês Guardez, filha de Francisco de Carvalho Andrade e de sua mulher Maria Tavares Guardez, senhores do Engenho São Paulo, na Várzea do Capibaribe. Daí provém a família Paes Barreto; Proprietário do engenho Guerra, que recebeu como dote de sua mulher. João Paes Barreto, filho de Antonio Velho Barreto teve muitos irmãos: Estevão, Cristóvão, Miguel, Diogo, Antonio, Filipe e D. Catarina. Em 1637, a família deixou Pernambuco por causa da invasão holandesa e seus bens foram confiscados pelos holandeses e os seus engenhos, Velho e Guerra, foram vendidos.Atualmente, o engenho Guerra pertence à Usina Salgado e suas terras fazem parte do Município de Ipojuca.

Gonçalo Mendes Leitão, irmão do Bispo do Brasil, Pedro Leitão, casouse com Antonia de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, recebendo em dote as terras de Paratibe, onde fundou um grande engenho de açúcar;

Filipe Cavalcanti, fidalgo florentino, já residia em Pernambuco desde 1556. Casou-se com D. Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, legitimada
por concessão régia. Desta união provém a família Cavalcanti de Albuquerque; Filipe recebeu grandes quantidades de terras na região do Cabo de Santo Agostinho e ali implementou 03 engenhos: o Santa
Rosa, Santana e Utinga; situados em uma légua de terra em quadro, por concessão de Duarte Coelho de Albuquerque.O Santa Rosa atualmente pertence à Usina Salgado e suas terras ao município de Ipojuca.
Brás Barbalho Feio, fidalgo, casou-se com uma filha de Francisco Carvalho de Andrade, fidalgo da Casa Real e senhor do engenho São Paulo da Várzea.

Álvaro Fragoso, natural de Lisboa, fidalgo da câmara do Rei D. Sebastião, veio para Pernambuco e aqui casou-se com D. Joana de Albuquerque, filha legitimada de Jerônimo de Albuquerque;

José Peres Campelo chegou a Pernambuco em 1680, recebeu sesmaria, fundou engenho que deu o nome de Peres, junto engenho Jiquiá, em Afogados. É o tronco da família Peres Campelo;

Luis do Rego Barreto, segundo consta é de família nobre. Casou-se com uma das filhas de Arnau de Holanda, de cujo consórcio se origina as famílias Rego Barros e Barros Barreto;

Gaspar de Souza Uchoa, era militar e Capitão General em 1638. Em Pernambuco, casou-se com Maria de Figueroa Mendonça, filha de Marcos André Uchoa, senhor de engenho da Torre. Desse matrimônio originou-se a família Uchoa. Durante as Invasões holandesas, as terras do engenho foram tomadas e transformadas em uma fortaleza. Após a retirada dos holandeses, o descendente dos proprietários, Antônio Borges Uchoa reconstruiu o engenho. Nas suas redondezas foram instaladas algumas fábricas de tecido, de fósforo e olarias e etc. Atualmente, a Torre é um bairro prioritariamente residencial do Recife

Nicolau Aranha Pacheco casado com dona Francisca de Sande. Natural do Arco do Vale de Vez. Mestre de Campo, juntamente com seus parentes Antonio Fernandes Aranha  e Ambrosio Aranha de Farias, recebeu em 1658, uma sesmaria trinta léguas na região do Panema e nos Garanhuns: A sesmaria dos Aranha.

Capitão Cosme de Brito Cação casado com Clara Aranha Pacheco, um dos que recebeu lotes na Sesmaria dos Aranha, em 1658.

Gabriel de Brito Cação recebeu  em doação o Sítio do Buraco- na Sesmaria dos Aranha, por ter descoberto a terra dos Garanhuns.

Dr. Cristóvão de Burgos de Contreira-Ouvidor Geral do Brasil juntamente com Maria de Burgos viúva de Manoel de Couto  de Eça, e Pedro Francisco da Fonseca, Belchior Soares, Manoel Ribeiro de Almeida, Francisco Ferraz de Souza e dona Vitória de Souza, receberam do Governador Geral do Brasil, em 1671,  uma sesmaria de trinta léguas: Sesmaria dos Burgos.
O Capitão de Ordenanças Bernardo Vieira de Melo casado com Maria  Camelo, juntamente com Antonio Pereira Pinto e Manoel Vieira de Lemos, receberam em 1671, uma sesmaria de vinte léguas de terra:  Sesmaria dos Vieira de Melo. Bernardo era filho do Cavalheiro, fidalgo da casa real  Antonio Vieira de Melo e de dona Maria Muniz.


BIBLIOGRAFIA:
Costa , A. F. Pereira da. Anais Pernambucanos. Recife: Arquivo Público Estadual de Pernambuco. Tomo IV, P468, 1954.

Cavalcanti, Alfredo Leite. História de Garanhuns- 2ª edição- Biblioteca Pernambucana de História Municipal.-1997.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dom João Moura- 1º Bispo de Garanhuns -

D. João Tavares de Moura  nasceu a 23 de julho de 1883 na cidade de Nazaré da Mata-PE. Foi ordenado sacerdote em Recife no dia 11.02.1906.

Foi eleito Bispo de Garanhuns em 3 de julho 1919 pelo Papa Bento XV. Em Olinda, no dia 07.09.1919, recebeu a sagração episcopal. Tomou posse na Diocese de Garanhuns em 26 de outubro de 1919.
D. Moura faleceu em S. Paulo em 13.07.1928 e foi sepultado na catedral de Garanhuns no dia 02.08.1928.

D.Moura entre seus auxiliares: Monsenhor Callou e padres Godoy e Diegues


O historiador Alfredo Vieira nos informa que a ação apostólica desenvolvida por Dom Moura se constituiu num efetivo trabalho ecumênico em que se colocava  ao lado das demais igrejas cristãs  quando na defesa intransigente dos princípios e direitos humanos.

O Bispo preocupava-se com a situação das populações marginalizadas de sua diocese, e com a educação de menores e de adultos. Por esse motivo, transferiu-se do palacete episcopal  para as dependências do Ginásio de Garanhuns( atual Colégio Diocesano), para sentir de perto os problemas de seus alunos e professores.

O historiador afirma ainda desconhecer qualquer atrito que tivesse ocorrido no episcopado de D. Moura entre seus padres e pastores protestantes, salvo "as práticas" um tanto forte, que às vezes ocorriam ao tempo das missões a cargo dos frades capuchinhos , nos arrabaldes e distritos de Garanhuns.

Quando do falecimento de D. Moura, ao chegar a Garanhuns, altas horas da noite, o seu corpo trasladado em trem especial , na estação da Great Western, estava presente uma comissão de protestantes, à frente os Reverendos William M. Thompson, George W.Taylor e Antonio Gueiros, além de outros integrantes da Igreja Presbiteriana de Garanhuns.

Os evangélicos tomaram parte nas homenagens prestadas ao Bispo, inclusive acompanhando o féretro  pelas ruas de Garanhuns. A presença dos evangélicos nas exequias do 1º Bispo é um acontecimento marcante, numa época em que a minoria  protestantes era perseguida por setores da Igreja Católica.

Pela importância do trabalho do jovem Bispo, colocamos neste blog recortes da "Revista da Cidade ano III- n. 113- 21.07.1928 e a homenagem ao bispo Dom Moura.

A capa da revista traz o lema de D. Moura: Tudo por todos- baseado em 1 Cor. 9:22-23

Discursos e poemas que foram feitos em homenagem a D. Moura, postados na mesma revista:

BIBLIOGRAFIA:
Vieira, Alfredo- Garanhuns do meu tempo: memórias. Recife- 1981.
Revista da Cidade ano III- n. 113- 21.07.1928

sábado, 2 de julho de 2011

Charlotte Alexander Taylor

A missionária Charlotte Alexander Taylor  nasceu em Harrisonburg- Virgínia-EUA, em 01.03.1913. Filha mais nova de Herbert Jackson Taylor e Charlotte Alexander Ranson.

Tinha quatro irmãos: Frances Heiskell , Jean Baldwin, Alfred Fontaine e Mary Garland Taylor.

Suas atividades no IBN, iniciam-se como docente, ainda na Escola de Treinamento de Bíblias Para Moças em 1945, nas instalações do Colégio Agnes Erskine, em Recife.


Assume a Diretoria da ETBM em 1946, substituindo Raynard Arehart por motivo de suas responsabilidades no Seminário Presbiteriano do Norte.

Em 1949 volta, em férias, para os EUA, e na oportunidade, divulga nas igrejas norte-americanas,o trabalho missionário no Brasil e na ETBM.

Em 1952 volta à direção da ETBM. Nesta época, por decisão da missão, a ETBM recebe o nome de Instituto Bíblico do Norte(IBN).

Raynard Arehart assume a direção do IBN a partir de 01.05.1955, quando o IBN passa a ter sua sede própria em Garanhuns.

Mas, em 1963 Charlotte Taylor reassume a direção do IBN, substituindo Raynard que deveria passar um ano nos EUA e na volta iria exercer suas atividades no Colégio Agnes Erskine, em Recife.

Em 1966, Miss Taylor passa a exercer suas atividades no Instituto Presbiteriano Nacional de Educação, em Brasília, atual Universidade Mackenzie.

Em 1972, Miss Taylor  regressa à direção do IBN. Carlota Taylor despede-se definitivamente do IBN em 1978.

Carlota Taylor, participou de todo o processo de fundação do IBN. Além de diretora era professora de Bíblia. Durante mais de trinta anos, participou ativamente de todo o desenrolar da história desta instituição.

Sua irmã Mary Garland Taylor sempre esteve por perto, liderando a Comissão de Educação Cristã da Missão, em Recife.  Mesmo depois de aposentada, trabalhou como professora no IBN para ficar ao lado da irmã durante o seu último ano de trabalho. As duas voltaram juntas para os EUA em 1978.

Carlota Alexander Taylor morreu em 01.03.1993. Mary Garland Taylor,  em 05.09.1994.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Raynard e Frances Arehart


Frances Arehart Butler nasceu em Eldorado, Arkansas-EUA, em 29 setembro de 1908. Seus pais chamavam-se Jasper Dodson Butler and Lenora McCurly.

Frances recebeu a sua formação na faculdade Silliman College, Clinton LA e General Assembly's Training Schoo, Richmond, VA.


Em 03 de agosto, 1932 casou-se com Edwin Raynard Arehart, natural de Frankford - West Virgínia, filho de Jacob Edwin Arehart and Clara Pinkney Coffman.

Após o casamento , os Areharts trabalharam quatro anos na Pattonville, Missouri, onde Raynard era um pastor.

Em 1936 foram enviados pela Igreja Presbiteriana dos EUA como missionários para norte do Brasil.

Após o primeiro ano de orientação e estudo da lingua portuguesa em Garanhun/PE, Raynard foi designado para supervisionar um campo evangelístico no estado do Ceará.

O casal trabalhou como missionários presbiterianos em Fortaleza, onde por cinco anos Raynard foi evangelista itinerante e Frances ensinava nas Classes de Escola Dominical.

Em seguida , Raynard trabalhou durante cinco anos no Recife, como diretor do Seminário Presbiteriano  e professor de Novo Testamento e do Novo Testamento grego em Português.

Durante um ano lecionou no Colégio Agnes Erskine. Mais tarde foi diretor do Colégio Evangélico 15 de novembro (O Quinze), em Garanhuns, e ensinava Inglês e Filosofia.

Quando chegaram ao Brasil, em 1936 os Arehart tinham dois filhos: Russell Scott and Clara Frances, no ano seguinte, eles suportaram a grande tristeza da morte de Scott com menos de três anos, mas Deus abençou-os com mais dois filhos: Richard Dodson and Robert Coffman

Quando Raynard serviu como reitor do Seminário Presbiteriano do Norte de Pernambuco, Recife. Frances supervisionava a cozinha do Seminário e ensinava Bíblia e piano.

"Foi quando eles estavam no seminário que Raynard e Frances", decidiram que as meninas brasileiras também deveriam ter formação para o trabalho cristão. "Frances escreveu uma solicitação a Missão para fornecer essa formação e Raynard leu a solicitação na reunião da Missão. Naquela época as mulheres não tinham muita importância na reunião da Missão. Eram bem-vindas, se quisessem ir, mas, se não fossem, não havia grande perda. Nesta época Charlotte Taylor estava chegando ao Brasil e seu interesse era capacitar lideranças da Educação Cristã! "

A "visão dos Arehart e a confirmação da Missão resultou na criação do Instituto Bíblico do Norte em 1945, que funcionou nos primeiros dez anos nos edifícios da escola Agnes Erskine, em Recife.

Em 1952-1953, para atender uma emergência Raynard assumiu a direção do Colégio XV de Novembro, em Garanhuns, competentemente assistido por Frances, que ensinava a Bíblia e Inglês na escola.

Quando o Instituto Bíblico do Norte se mudou para sua nova sede em Garanhuns , 1955, os Areharts, após retornar de licença, foram designados para trabalhar lá por dois mandatos, como diretores.

Reconhecendo a necessidade de preparar músicos, sobretudo para as igrejas no interior, Frances concordou em ensinar música e dirigir o coral Instituto.

Enquanto trabalhava em Garanhuns, Frances viu a necessidade de oportunidades para testemunhar a pessoas da classe alta econômica e fundou a Brasil-América Sociedade Literária-Social para as mulheres, que funcionou por mais de 20 anos.

A última tarefa dos Areharts no Brasil foi o Colégio Evangélico Agnes Erskine onde Raynard era capelão, tesoureiro e professor de Bíblia.

Frances ensinava Bíblia e Inglês e servia como Secretária da Missão Norte do Brasil.

Ao mesmo tempo Raynard serviu como pastor da Igreja Presbiteriana da Madalena em Recife e Frances dirigia o coral da igreja.

Durante os últimos anos no Brasil Frances fez um curso por correspondência de escrita de ficção e teve várias de suas histórias para crianças publicados em revistas evangélicas.

Após aposentar-se da Missão em 1966, Raynard serviu como pastor em Menlo GA e em 1971 aposentou-se em Albuquerque, Novo México para ficar perto de sua filha Clara Oliveira e sua família.

Frances Arehart faleceu em 06 de julho de 1983, aos 75 anos. Edwin Raynard Arehart, faleceu em 4 de fevereiro de 2005, aos 98 anos de idade.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Handbells no IBN em Garanhuns

Os sinos de mão (handbells) foram criados na Inglaterra, no século XIX, quando os músicos das igrejas resolveram diversificar e aperfeiçoar a música para o serviços da Igreja. Criaram os  handbells, réplicas em miniaturas dos sinos dos campanários das torres da igreja.

Em 1902, Margaret Shurcliff, levou para os Estados Unidos uma coleção com dez sinos que recebeu por presente de Arthur Hughes, o gerente geral da Fundição Whitechapel Bell, de Londres. 


Ensaio do Grupo de Sinos na Capela do IBN

O primeiro grupo de sinos, de que se tem notícia no Brasil formou-se,  possivelmente, no Instituto Bíblico do Norte, em Garanhuns/PE.

A coleção de sinos de mão foi trazida para o Instituto Bíblico do Norte pela missionária norte americana Margaret Morrison, em 1975.

Dona Margarida como era chamada a missionária, ao vir ensinar música no IBN, trouxe além de sua harpa, a coleção de sinos.

Margareth Morrison


A primeira regente foi a própria Margareth Morrisson.


Conj de sinos em 1975: 1ª formação: Dorgenice Cavalcante da Rocha, Edineiram, Lídia Faustino Ferreira, Marlene Gomes Moraes , Neide Murta, Lígia Teixeira de Almeida, Louzedes  Souza Murta, Miralva Silva de Moura , Maria Varly do Nascimento, Lutero Teixeira da Rocha  e Suzy- (Álbum de Louzedes Murta)
O grupo tinha duas formações: Uma para estudantes iniciantes de música, e outra formada por veteranos.
Ensaio do Conjunto de Sinos em 1979

Formação: Valdívio Miguel da Costa, Genivaldo Ferreira Barros, Rosilda Cavalcanti da Silva, Zilda Ferreira da Silva, Maria Betânia Leite Gomes Barros, Kilma Cavalcante Gouveia, Ana M. Barroso de França e Débora assis de Souza.

(Álbum de Maheli Gomes Arruda)

Foram regentes alem da própria Margareth Morrison, os norte-americanos James Chang(1978) Douglas Barrick(1979) Frank Musick (1980) e Farris McDaniel Goodrum (1983) e a brasileira Dalvanira Lopes(1979). Quando a Missão Presbiteriana Norte-Americana desligou-se do IBN, outros professores brasileiros,  passaram a reger os grupos de sinos.

Conjunto de Sinos se preparando para apresentação na Igreja Presbiteriana de Campina Grande- 1979
Regente: Douglas Barrick (Album Rosilda Cavalcanti)


Os Grupos de Sinos se apresentavam em teatros, televisão, em eventos especiais na cidade,  e nas igrejas por todo o Nordeste , principalmente nos Estados de Pernambuco, Paraiba, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Apresentação do Conjunto de Sinos em Recife-
(Album de Ednar Andrade Baia)

De acordo com o evento, também cantavam música sacra ou música folclórica.

Ensaio de cântico para uma apresentaçãoem 1979
(Betânia, Débora, Ana, Kilma, Zilda, Rosilda, Genivaldo e Valdívio)
(Album de Rosilda Cavalcanti)


"Sinos de Louvor-1981
Suzana Rocha Cavalcanti, Maria Natividade Rodrigues, Ducilene Vilarins Amorim, Elma Souza Bastos, Rosélia M.S. Cruz, Vanilene Dourado, Ana Onofra da Silva e Kilma Cavalcante Gouveia. (Album de Suzana R. Cavalcante)


Sinos 1983- Silene, Ana Maria, Ana, Yvanette, Marly, Noemia




não sabemos o ano desta foto

1989- na foto : Eli, Rosália, Anaruza, Marília, Audênia, Saly, Soraia, Dalva .



Ensaio do Conjunto de Sinos na Capela do IBN-No meio, o prof. Farris MacDaniel  Goodrum-1984
   O som dos sinos é  surpreendente e emocionante. É sofisticado, e proporciona momentos de  rara beleza para quem ouve. 
Atualmente, os Sinos do IBN estão silenciados. O jogo de sinos precisa de manutenção e reparos.